quinta-feira, 17 de abril de 2008

E outro, esse da Marcha da Maconha (o melhor até agora)

Nota Pública sobre os fatos ocorridos na UFMG

O Coletivo Marcha da Maconha vem através desta nota prestar alguns esclarecimentos e expressar apoio e solidariedade aos estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, que foram violentamente reprimidos na tentativa de realizar um debate com exibição do documentário “Grass”, sobre a história da proibição da maconha, no último dia 03 de abril.


Gostaríamos de deixar claro que o Coletivo Marcha da Maconha Brasil é um grupo de indivíduos e instituições que trabalham de forma majoritariamente descentralizada, com um núcleo-central que atua na manutenção do site www.marchadamaconha.org e do fórum de discussões a ele anexado. Esse núcleo procura ajudar os indivíduos e instituições em diferentes regiões do país a formarem espaços de discussões sobre o tema em nível local, para tentarmos construir edições do evento em várias cidades. No entanto, ainda que alguns dos membros do Coletivo Marcha da Maconha Brasil sejam responsáveis por edições locais do evento como por exemplo (Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador), a forma como a maioria dessas articulações e a construção dos eventos é realizada em cada cidade não é administrada pelo núcleo do Coletivo. O trabalho desse Coletivo se restringe à manutenção dos espaços on-line e a distribuição do material divulgação (flyers, adesivos e camisetas).

Apesar de ainda não sabermos se os fatos ocorridos envolvem pessoas ligadas ao Coletivo Marcha da Maconha, acreditamos que qualquer iniciativa de promoção de debates sobre o tema não só deve ser respeitada como muito bem-vinda. O Brasil é um país carente de discussões sobre políticas e leis sobre drogas e a exibição comentada de um documentário é uma atividade muito produtivo, tanto política quanto academicamente.

Muito tem sido divulgado a respeito de como os fatos foram conduzidos, tanto por parte dos organizadores do evento, como por parte da Direção da Faculdade, dos seguranças e da Polícia Militar. Acreditamos que com a apuração do ocorrido poderemos ver como a restrição do diálogo é o melhor fermento para o surgimento de pontos de tensão, conflitos e violência. Queremos crer que tudo não passou de um grande mal entendido, originado por uma atitude pouco tolerante ao debate por parte da Direção, mas somente as investigações poderão revelar se estamos certos. No momento, a única certeza e que a o episódio foi marcado pelo tom de repressão ao debate sobre a legalização da maconha, atitude que repudiamos e não desejamos que sejam repetidas em nenhuma instituição que se declare democrática e pública.

Notadamente a juventude brasileira é a parcela da sociedade que mais tem sofrido com o contato com as drogas, seja sob os riscos dos seus efeitos ou os riscos das políticas e leis administradas de forma repressiva. Seja pelos altíssimos índices de mortalidade de jovens ligados ao tráfico e consumo de drogas, seja pelo aumento do consumo das mesmas pela juventude ou ainda pela quantidade de jovens que, por conta de suas realidades, que os impõem um contato com a criminalidade, estão presos; cada dia mais a juventude brasileira, em especial a financeiramente carente e negra, tem sido marginalizada e deixada à própria sorte, sem uma política pública sensata que zele de fato pelo seu bem estar, saúde e segurança.

Lamentamos os fatos ocorridos e a forma como foram conduzidos. Acreditamos que espaços para discussões sobre o tema devem ser abertos não só na UFMG, como em toda sociedade mineira e brasileira. Já é hora de debater, repensar e propor novos caminhos e novos valores a cerca da questão das drogas, através de espaços de aprofundamento e de elaboração de políticas públicas e leis mais eficazes, como a iniciativa que estavam propondo os estudantes da UFMG. Independente de um posicionamento favorável ou contrário a determinadas visões e propostas, é imperioso que existam espaços públicos, de participação horizontal e plural, para a elaboração de novos modelos de reflexão sobre as drogas e sua relação com a sociedade.

Mesmo que a maconha e outras drogas continuem para sempre na ilegalidade, qualquer Estado Democrático de Direito que se queira merecedor desse status precisa assegurar o direito à realização de debates e discussões sobre essas questões. O Coletivo se coloca totalmente contra qualquer tipo de atitude que vise diminuir os direitos constitucionais de qualquer cidadão brasileiro, em especial, quando praticado pelas instituições que deveriam nos garantir a ordem e a legalidade.

O Coletivo Marcha da Maconha Brasil reafirma que suas atividades não têm a intenção de fazer apologia à maconha ou ao seu uso, nem incentivar qualquer tipo de atividade criminosa. Ao contrário, durante a construção desse movimento social não apenas procuramos respeitar não só o direito à livre manifestação de idéias e opiniões, mas também os limites legais desse e de outros direitos civis.

Coletivo Marcha da Maconha Brasil
contato@marchadamaconha.org

Vai aí um texto sobre o caso do IGC e a Ocupação

Classe e privilégios no caso do IGC ou

A inércia do movimento estudantil[1]

Lucas “Barrão” Pereira, História – fat_lucas@yahoo.com.br

Marco “Malebria” Silva, Filosofia – malebria@riseup.net

8/4/2008

Assim, o sistema escolar pode, por sua lógica própria, servir à perpetuação

dos privilégios culturais sem que os privilégios tenham que se servir dele.

Conferindo às desigualdades culturais uma sanção formalmente conforme aos

ideais democráticos, ele fornece a melhor justificativa para essas desigualdades.[2]

O movimento estudantil está muitas vezes mais preocupado em conseguir privilégios para a classe dos estudantes do que em fazer uma discussão sobre mudanças políticas benéficas para a sociedade como um todo. Apesar de alguns pontos levantados pelo movimento surgido após o caso do IGC serem razoáveis, como a crítica à proibição da exibição do filme e à forma como a Polícia Militar agiu, a proposta do fim do convênio da UFMG com a PM nos parece bastante mesquinha.

Não entraremos no mérito da situação legal que estabelece que a Polícia Militar não pode entrar em uma Universidade Federal, pois o que nos interessa são os motivos que levam os estudantes a não quererem esse convênio. A exigência, por parte do movimento, de que a polícia não deve atuar dentro da UFMG evidencia o desejo de manutenção da posição privilegiada que os estudantes universitários têm com relação ao resto da população. Esse desejo parece estar presente também nos professores que, ao apoiarem essa reivindicação, querem manter também o seu lugar. O estabelecimento de um local sem polícia aumenta ainda mais a diferenciação entre a realidade interna e externa ao campus. Isso mantém a superioridade associada à academia, além de fazer com que as pessoas das comunidades ao redor se identifiquem menos com o local e que o estudante não sinta na pele o que é passar pelas situações que os não-estudantes passam. Na medida em que os universitários não sofrem as arbitrariedades policiais, por serem de um grupo privilegiado, eles perdem a motivação para qualquer tipo de movimentação contra elas. Essa luta deixa de ser uma luta deles, e se torna uma questão completamente alheia ao movimento estudantil.

A política do movimento estudantil é egoísta e não menos autoritária que as políticas que ataca. Ao impedir jornalistas de entrarem na ocupação da Reitoria (07/04/2008), acabaram por cometer um ato contraditório. Os estudantes conquistaram seu direito de ir e vir, de circular no espaço público – neste caso o simples direito de utilizar o espaço público da reitoria – negando-o a outros. Ora, na verdade, o que muitos estudantes não percebem é que, apesar de se revestirem por causas ditas sociais, estão lutando realmente para obter ou manter um nível de capital cultural elitizado, e que diz respeito somente ao seu intestino.

Se o movimento estivesse interessado em uma melhoria social, e não apenas na classe, se manifestaria contra a forma violenta com que a PM agiu, e não contra a presença dela no campus; lutaria para que a polícia não agisse assim em lugar nenhum: da forma como a coisa foi colocada, os estudantes estão tentando apenas proteger o seu lado visando garantir que isso não aconteça mais com nenhum estudante. Se for acontecer com um não-estudante, não importa tanto. É difícil ignorar que impedir a entrada da polícia no campus da universidade seja um mecanismo que a mantenha afastada, protegida e em um local extremamente privilegiado na sociedade.

Esse tipo de atitude classista pode ser constatada em outras ações do movimento, como o pedido de meio-passe ou passe-livre e na meia-entrada em espetáculos. Apesar de termos mais contato com o movimento estudantil, parece-nos que essa é uma realidade de todos os movimentos de classe. E, se for mesmo abertamente assim, repudiamos qualquer movimento classista que busque privilégios, assim como repudiamos essas ações do movimento estudantil.

Se realmente “polícia for para bandidos”, estamos ainda vivendo uma inércia cultural – que entendemos por uma vontade de ascender socialmente através de uma valorização da cultura letrada, cinematográfica, teatral, ou melhor, elitista, autoritária, diferenciadora.



[1] Este texto está no domínio público.

[2] PIERRE BOURDIEU. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In: MARIA ALICE NOGUEIRA e AFRÂNIO CATANI. Escritos de educação. Petrópolis: Vozes, 1998. p. 59.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

e agora o vídeo do IGC que falei aí embaixo.

* Caso IGC, baderneiros presos na UFMG (FAFICHEIROS)

vale lembrar: tem professor do IGC que fala que somos nós, FAFICHEIROS, que levamos a droga pro IGC, que o povo de lá é tudo tranquilo e que o problema tá nos FAFICHEIROS que vão pro Geoteco e pro NaTora.... que os alunos do IGC são tranquilos e que toda essa baderna é causada pelos FAFICHEIROS.
A minha mãe também acha isso. Que estereótipo, hein!?

os dias que se seguiram...

dia 07, estudantes de todos os credos, classes sociais e convicções filosóficas [inclusive muitos sem filiação partidária] entraram na reitoria. Primeiro, pela janela, depois pela porta. Calma, calma, queremos algo pacífico. E até que foi. Os estudantes se portaram muito bem, apesar do barulho e das migalhas de pão do lanchinho fornecido pelas representações estudantis para ajudar a passar a tarde - e a noite,c omo depois foi decidido.
numa reunião com o Reitor, Reitora [sim, porque vice ela nem é, vai?] e diretoras do IGC, as conversas começaram bem: foi exibido o vídeo*, fizeram perguntas organizadamente, os moços mais velhos responderam evazivamente, mas de forma competente e aí começou a bagunça: gente querendo reclamar que foi expulsa da moradia, que tá sendo perseguida politicamente, que foi espancado no hospício e que nem era nada de mais esse caso no IGC (sim, esse cara era realmente loooooooooouco), etc etc.
Depois da conversa, a votação: a maioria absoluta resolve dormir na reitoria. E continua, continua, continua.... o movimento segue, mas o que faremos nesse tempo que estamos aqui? Primeiro: vai ter uso de álcool e drogas aqui? 95% foi contra. Segundo, vamos fazer um espaço cultural!?!?!?!? vamos exibir fotos, ocupar o gramado com intervenções, etc?!?! uhul! vamos!
mas aí..
bom, um povo começou a beber, fez uma fogueira e (!!) ficou pelado. Calma lá, eles mantiveram suas roupas íntimas.. mas e daí!? qual a razão de ficar pelado!? meu filho, tenha noção! Fotógrafos do Hoje em Dia fotografam, Jornalistas do estado de Minas enxem o saco e, como disse o Mateus, que é da comunicação: "Esse povo deu a arma, a bala e fez a mira pra todo mundo nos atacar". e é isso aí. O que vai sobrar do movimento? O que foi de fato algo relevante pra história da UFMG? O que foi importante pra BH, MG, Brasil? Sei lá. Enfim.

A Quinta-Feira

- Ei, maconha é legal. vamos fazer uma marcha a favor?
- vamo! Mas primeiro vão passar aquele filme que eu ganhei na Superinteressante que fala de maconha? pra levantar um movimento?
- Demorô. vamos fazer uns cartazes!
- Tá, mas primeiro só deixa eu fumar um beque...

[dias depois...]

- Esse cartaz é muito psicodélico! que tipo de movimento esses estudantes estão tramando?! Eu,q eu sou a Diretora do IGC não posso permitir essa baderna! E ainda mais no horário das aulas da noite! Se mais um professor do noturno vier reclamar de barulho nesse Instituto, eu pulo do terceiro andar pra pegar uns dias de licensa!

[mais um lapso temporal...]

- Eles não desistiram, aqueles peraltas... vão ver o que é bom.. Segurannnnnnnnnnnça!
...
- ih, esse bando de maconheiro tá folgando. Vou chamar a PM
...
- Sucega mossada que é a puliça na área! Vamo quebrá o pau nessa escola di maconhêro. Todo mundo calado, tá ligado? Êpa, êpa, falou mais auto é desacato! Vamo quebrá a cabessa desces maconhêro!
http://www.youtube.com/watch?v=O7eRMWE9rto

[fim da história, como acho que aconteceu]