segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

agora eu sou editora!

honestamente, tenho preguiça deste blog. De blogs em geral. Depois do twitter, não consigo mais escrever extensamente. 140 caracteres são o suficiente!
Mas o carolsemnocao é uma ferramenta, então vamos lá manter esse espaço virtual.


um vídeo só pra parecer que eu uso o youtube:


esse é o clipe do que eu acho que devia ser o novo hit do verão. Esqueçam o póparácompó. Belanova é o caminho de Deus.



(palavra de verificação do post: deliz)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Tô ficando atoladinho!

Revista Manuelzão Ano 10 nº 43 - Dezembro de 2007 Ano 10 nº 43 - Dezembro de 2007

E quando entra areia?
Ter um rio assoreado não é nada bom, mas desassoreá-lo pode não ser tão fácil

MARIANA GARCIA
Estudante de Comunicação da UFMG


13 de junho de 2007. O famoso vapor Benjamin Guimarães fazia sua costumeira viagem pelas águas do São Francisco entre o município de Pirapora e Barra do Guaicuí, distrito de Várzea da Palma. A bordo, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e sua comitiva. Uma viagem tranqüila se não fosse, por ironia dos males dos quais sofre o Velho Chico, a embarcação encalhar próximo à Barra num dos muitos bancos de areia presentes no rio. A notícia pode até não ser nova, mas o São Francisco continua assoreado. O biólogo do Serviço de Abastecimento de Água e Esgoto (Saae) de Pirapora, Patrick Valim, conta que a história é a mesma em épocas de seca: “para o Benjamin navegar e não ficar encalhado tem que avisar na represa de Três Marias e pedir para eles liberarem água”.

Em outro dia 13, agora de outubro, começaram as obras de desassoreamento de um trecho do São Francisco em dois pontos do município de Pirapora que vai da Ponte Marechal Hermes da Fonseca ao Balneário das Duchas. Segundo a prefeitura, a intervenção foi necessária porque o assoreamento estava prejudicando o abastecimento de água da cidade e também o turismo. Cerca de 80 mil metros cúbicos de sedimentos, quantidade suficiente para encher 42 piscinas olímpicas, foram retirados por uma escavadeira diretamente do leito do rio.

A engenheira civil e pesquisadora do NuVelhas Manuelzão, Hersília Santos, explica que “para remoldar o leito de um rio, a técnica da escavadeira é a mais utilizada no mundo inteiro”. Mas há dúvidas sobre os impactos desse procedimento. Revolver o fundo de um rio pode significar, por exemplo, trazer à tona os rejeitos depositados no leito, que podem ser, inclusive, tóxicos.

Desassoreando

Segundo o professor da Universidade Federal de Lavras, Paulo Pompeu, há diversas formas de se desassorear um curso d’água. Elas podem ser mais radicais, como em Pirapora, onde máquinas foram colocadas dentro do leito do rio, até intervenções menores, que, segundo o pesquisador, seriam o melhor caminho. “Você pode construir pequenas estruturas dentro do rio que possibilitem a ele se limpar sozinho (veja abaixo)”, diz Paulo Pompeu.

“As poucas experiências que temos sobre o desassoreamento são com dragagem de rios. Mas, geralmente, essa medida não vem sendo tomada com vistas à renaturalização. Tem sido feito muito para navegação, para aumentar o caudal do rio e para evitar enchente”, diz Pompeu. O geólogo Edézio Teixeira aponta ainda uma outra possibilidade: “veja bem, se eu tirar um cascalho que fazia parte de um processo de assoreamento e colocar numa estrada, por exemplo, eu dei utilidade a um material que danificava o rio. Eu transformei aquele assoreamento em uma jazida”. Segundo Edézio, a vantagem é que, além de desassorear, o procedimento poderia evitar que uma jazida convencional fosse aberta em outro local causando mais impactos ambientais. “Mas essas coisas devem ser sempre submetidas ao reconhecimento técnico”, lembra.

Em torno da questão, há um consenso: toda e qualquer intervenção deve obedecer a critérios que visem à proteção ambiental do rio. “Evidentemente, a retirada de areia de um curso d’água às vezes é uma medida necessária. Mas há os impactos inerentes. Tanto é que o desassoreamento é uma atividade passível de licenciamento”, explica o gerente de desenvolvimento e apoio às atividades minerárias da Fundação Estadual de Meio Ambiente, Caio Márcio Rocha. Paulo Pompeu esclarece que a retirada de areia pode acarretar a sucção de espécies típicas que têm nos bancos de areia seu habitat. Outra complicação é que a remoção dos sedimentos pode comprometer algumas espécies de peixes que precisam de águas mais claras para viver.

No caso da dragagem, que é a técnica mais usada hoje, a sucção deve ser feita evitando ao máximo que a água retirada junto com o sedimento retorne ao rio sem antes passar por um processo de filtragem. Quem aponta isso é a professora do Departamento de Geologia do Instituto de Geociências da UFMG, Maria Giovana Parizzi. A filtragem evitaria que sedimentos não retidos pela draga fossem levados rio abaixo e, assim, depositado em outros locais. “A draga desassoreia, mas você não pode fazer clandestinamente do jeito que é feito”, diz.

Outro risco apontado por Maria Giovana está nas pilhas de areia deixadas em alguns casos próximas ao leito do rio. Com a demora em buscar, pode vir uma chuva fazendo com que o sedimento retorne.

Na bacia

“No Rio das Velhas, as principais causas do assoreamento são as atividades de mineração e o mau uso da terra que tem como conseqüência o desmatamento, que torna o solo muito mais vulnerável”, afirma Paulo Pompeu. Ele aponta que esse processo se encontra mais evidente na região do alto Rio das Velhas.

Situado nessa região, o rio Maracujá se encontra bastante danificado. “O rio está caótico. Está tão assoreado, que só tem um filete de água”, diz o coordenador do Núcleo de Meio Ambiente (Numam) da Fundação Gorceix, Wilson Guerra. “O assoreamento aqui é tão alto que agora em época de chuva sempre ocorre enchente e alagamento de Cachoeira do Campo [distrito de Ouro Preto]”, diz. De acordo com Guerra, as principais causas verificadas em uma pesquisa feita na região são a lavra de topázio e a formação das voçorocas, cujos sedimentos são levados para o rio.

Devido às enchentes mencionadas pelo coordenador do Numam, foi necessário que a prefeitura de Ouro Preto interviesse para retirar os sedimentos nos trechos de Cachoeira e Amarantina. As obras começaram no dia 15 de outubro e devem continuar até meados de dezembro.

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Pesquisando o desassoreamento

Uma pesquisa única no Brasil começou a ser desenvolvida em março de 2007. A pesquisa encara o assoreamento como um problema de cunho ambiental: ao homogeneizar o curso do rio, reduz a quantidade de habitat disponíveis para a fauna. Isso faz com que a diversidade da vida no rio seja comprometida, já que é diretamente
proporcional à variedade de “moradas”. Seu nome já adianta um pouco o que pensar a seu respeito: “Desenvolvimento de metodologias para avaliação, atenuação e remediação de impactos (erosão e assoreamento) na morfodinâmica fluvial e biodiversidade aquática no alto rio São Francisco: estudo de caso sub-bacia do Rio das Velhas - Minas Gerais”. O que pesquisadores de diversas áreas como biologia, geografia e engenharia querem entender em um primeiro momento são os impactos acarretados pelo assoreamento para o alto Rio das Velhas. Para isso, o Velhas será comparado com outros três rios que ainda não possuem um assoreamento expressivo: os seus afluentes Cipó, Curimataí e Pardo Grande.

Outra proposta da pesquisa é entender quais as especificidades das espécies que fazem com que elas não consigam viver naquela região do Rio das Velhas nas atuais condições. “Entendendo porque essas espécies foram perdidas, vamos estudar quais medidas devem ser propostas para que as condições que mantinham essas espécies voltem a estar presentes no rio”, afirma Pompeu.

As técnicas de desassoreamento deverão ser semelhantes às já aplicadas em outros países como a Alemanha. São intervenções no leito do rio que buscarão fazer com que a própria água seja a responsável pela remoção dos sedimentos, até que sejam alcançadas as condições ideais para que a vida no rio seja tão diversa quanto antes. A engenheira civil Hersília Santos explica que se trata de pequenas intervenções como quedas d’água e pequenas barragens que tentarão trazer de volta as condições hidráulicas do rio. Maria Giovana acredita que essas intervenções, além de menos agressivas, deverão ser também mais baratas do que uma draga que siga os critérios ambientais. A pesquisa durará dois anos e seus participantes são de três universidades: a PUC-MG e as federais de Minas Gerais e de Lavras.